quinta-feira, 14 de julho de 2011

A Esperança sobreviverá?




Vivemos tempos difíceis no contexto da esperança, parece que as desilusões sociais, os desencontros afetivos, a corrupção, foram aos poucos desconstruindo em nossa geração o desejo de um sonho e dando lugar ao imediatismo e até mesmo o virtual, parecendo mais possíveis, mesmo que ilusórios.
O perigo é que essa desmotivação tem atingido não somente o indivíduo em si, mas alimentado uma visão negativista do mundo e sufocando o que há de positivo como nos recorda o pesador medieval: “Dois homens olharam através das grades da prisão; um viu a lama, o outro as estrelas”. (Santo Agostinho) Também nos nossos dias, preferimos enxergar a lama que há ao nosso redor (evidente que não podemos negar), e esquecemos que existem também estrelas, ou seja, algo que podemos acreditar e nutrir nossa esperança.
A sensação de olhar em volta e para si mesmo e encasquetar que não pode mais, ou de que é inútil lutar por isso ou aquilo, gera não somente uma acomodação, mas o vazio e a angustia de ainda continuar existindo sem um sonho.
Mas a final, que esperança devemos portar? A solução definitiva da miséria no mundo? Conquistar um poder aquisitivo invejável? Logicamente não podemos reduzir a esperança somente as grandes conquistas, mas se trata do nutrimento para continuar lutando, seja o intuito mais simples ou do mais alto grau possível, porém para quem busca será sempre ‘a conquista’ e encontra nela razão para sair do marasmo que nos deparamos a cada dia causando um certo medo de arriscar e acreditar. Contudo ser um homem ou uma mulher de esperança não quer dizer ser um super-herói, mas “a esperança é um alimento de nossa alma, ao qual sempre se mistura o veneno do medo”. (Voltaire)
Os atropelos, às decepções, às mazelas que de uma forma ou de outra atinge o gênero humano, seja no passado ou no presente e bem verdade ainda, é que tudo isso causa uma sensação de desesperança, todavia nunca podemos nos permitir que ela seja uma constante, pois como nos lembra Martim Luther king e creio que isso é o suficiente: “devemos aceitar a decepção finita, mas nunca perder a esperança infinita”.

Autor: Ijaelson Clidório Pimentel
Professor de filosofia e sociologia

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